domingo, 30 de maio de 2010

Os 10 maiores slogans políticos do século XX

Conheça as principais frases que mobilizaram multidões ao redor do mundo e ajudaram a moldar a história do século passado
Eu quero você no exército americano (I want you for the U.S. army)

A figura do “Tio Sam”, mais célebre personificação dos Estados Unidos, surgiu durante a Guerra de 1812 contra o Império Britânico. O termo faz referência a Samuel Wilson, funcionário do governo responsável pela inspeção dos suprimentos do exército, que foi apelidado de “Uncle Sam” pelas tropas. A expressão nasceu de um trocadilho com as iniciais de seu apelido e o “U.S.” que abrevia o nome do país, associação entre o personagem e o governo americano que sobrevive até os dias de hoje.

O símbolo da América fez carreira durante todo o século XIX, marcando presença em uma série de cartoons políticos, ilustrações e obras de ficção. No entanto, foi somente em 1917, com a campanha de recrutamento para a Primeira Guerra Mundial, que o Tio Sam ganhou sua forma mais conhecida.

Pela mão do ilustrador publicitário James Montgomery Flagg, o velho com cartola e paletó nas cores da bandeira yankee aponta para o observador e afirma: “Eu quero você para o exército americano”. Foram feitas mais de quatro milhões de cópias do cartaz, e o Tio Sam foi novamente requisitado para a campanha de alistamento para a Segunda Guerra Mundial.


[Image] Brasão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. O slogan pode ser lido, nas faixas vermelhas que envolvem os ramos de trigo, em cada um dos idiomas oficiais da ex-potência. [Image]

Trabalhadores do mundo, uni-vos!

Em 1848, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels finalizaram o Manifesto do Partido Comunista conclamando a classe proletária de todo o mundo a se unir na luta socialista. Para os pensadores, o combate à exploração do capitalismo só teria sucesso se a revolução ocorresse em escala mundial, ultrapassando os limites dos Estados-nação.

Os dois intelectuais do socialismo científico criaram não somente um dos mais importantes textos da história contemporânea, mas também o mais marcante slogan do movimento operário, reproduzido em todo o globo.

Mais de meio século depois, a frase se tornaria o lema da União Soviética de Stálin. O trecho que finaliza o Manifesto foi adaptado – de “proletários de todos os países, uni-vos” passou a ser “trabalhadores do mundo, uni-vos!” – e colocado no brasão da potência socialista em 1923, permanecendo palavra de ordem da nação até seu colapso, no início da década de 1990.




[Image] [continuação]

Um povo, uma nação, um líder

No dia 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler assumiu o posto de chanceler da falida e instável Alemanha. Seis anos depois, este mesmo país havia recuperado sua indústria e seu poderio militar, era dominado por um dos mais cruéis regimes totalitários da história e estava à beira da Segunda Guerra Mundial.[Image][Image]

O sucesso e a aceitação do governo do partido Nacional Socialista se deve, em grande parte, ao poder de sua propaganda. Sob o comando brilhante de Joseph Goebbels, a máquina publicitária alemã divulgou de incontáveis maneiras o lema máximo do Estado nazista: Ein volk, ein reich, ein füher ou, em português, “um povo, uma nação, um líder”.

Sob o comando de Hitler, o füher a que se refere o slogan, o Estado alemão assassinou milhões de minorias e opositores do regime, na tentativa de criar seu “povo”, e lançou campanhas militares que, em nome da expansão do território da “nação” alemã, levaram a humanidade à guerra mais



[continuação]

Não passarão!

As origens deste slogan, um dos mais usados pelos movimentos de resistência ao redor do mundo, remontam à Primeira Guerra Mundial: tudo indica que o general francês Robert Nivelle foi o primeiro a pronunciá-lo, na Batalha de Verdun.

No entanto, foi durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), no episódio do cerco a Madri, que a frase se tornou famosa. Na ocasião, a ativista Dolores Ibárruri Gómez, uma das fundadoras do Partido Comunista da Espanha, imortalizou o “No pasarán!”, fazendo dele o lema da resistência republicana às tentativas de invasão da capital espanhola pelas tropas do general Francisco Franco.

Atualmente, o slogan se tornou símbolo de movimentos anti-fascistas, e dá nome a uma organização juvenil da esquerda argentina filiada ao PTS (Partido de los Trabajadores Socialistas).



[Image] Protestos na capital francesa em 1968. [Image]

Sejam realistas, exijam o impossível

O famoso “Maio de 68” se tornou símbolo das lutas e utopias da década de 1960. O movimento, que começou com uma série de greves de estudantes na França, tomou proporções maiores, alcançou a camada trabalhadora e parou quase dois terços da mão de obra francesa. A população combateu a repressão policial, formou barricadas nas ruas e estendeu as críticas para além dos problemas trabalhistas, questionando os próprios valores da sociedade do período.

Dentre os vários slogans criados pela juventude francesa, “sejam realistas, exijam o impossível” talvez seja o mais célebre. Outras frases, como “é proibido proibir”, “a política passa-se nas ruas” e “a revolução deve ser feita nos homens, antes de ser feita nas coisas”, sintetizaram também as propostas libertárias da geração 68.

O legado destes movimentos não se limita à França: praticamente todos os países do mundo ocidental passaram por verdadeiras ebulições políticas e culturais durante a década de 1960, e ainda hoje vivemos as conseqüências desses enfrentamentos.